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A literatura de cordel é um dos gêneros literários mais tradicionais do país. Apesar de ser muito comum no Brasil, ela não se originou aqui. Descendente de produções literárias europeias, encontrou solo fértil para se desenvolver por aqui, sobretudo no Nordeste no século XIX.
A seguir, veremos como ele surgiu e quais são suas principais características. Além disso, você poderá conhecer algumas obras do cordel. Confira!
O cordel nasceu em Portugal, no século XVI, durante o Renascimento. Esse foi o momento no qual esse formato de impressão começou a se popularizar. Até então, as histórias, poesias e contos eram repassadas apenas por meio da oralidade. Dessa forma, os autores de cordéis expunham suas criações em bancas, feiras e mercados. Esse hábito deu nome ao movimento literário, visto que para sua comercialização, as obras eram penduradas em cordões (cordéis).
Esse é um formato literário muito tradicional e, ainda que muito antigo, mantém muitas de suas características desde o seu surgimento. Abaixo listamos alguns dos aspectos mais fortes e peculiares da literatura de cordel.
A literatura de cordel é excelente no processo de ensino de leitura e interpretação de texto. O ritmo e a forma de escrita desse gênero aproximam o aluno dessa produção. Visto que boa parte dos cordéis tocam em temas sociais relevantes, também é uma boa forma de trabalhar a interdisciplinaridade e as habilidades socioemocionais.
Aqui está uma lista com exemplos da literatura de cordel que você deve conhecer:
Ótima opção para incentivar as crianças a ler, esse livro tem como tema o mundo do circo. Os macacos, os leões e os elefantes obedecem ao estalar do chicote do valente domador no primeiro sinal de sua presença. Nesse contexto, o livro traz uma reflexão, questionando se esse é de fato um sinal de valentia ou não.
Essa obra consiste em uma coleção de grandes momentos desse gênero da literatura nacional. A partir da junção de cordéis de três grandes escritores do gênero, o livro é uma opção de leitura atual e pertinente.
Este é um ótimo livro para ser trabalhado em sala de aula para abordar conteúdos culturais. A história traz a aventura do narrador-personagem, que sai em busca da sua rabeca Veridiana que sumiu e sem ela não há criação. Para encontrá-la, ele precisará ir ao “Reino do Vai Não Vem”, um lugar cheio de encantos, poesia popular e personagens marcantes. Trata-se de uma imersão ao mundo do cordel.
Uma das características mais fortes da literatura de cordel pode ser percebida na capa deste livro. Apresentado com uma xilogravura, essa obra transita entre o formal, o informal e o regional. Com um tema cotidiano, abre discussões sobre trabalho, dever, responsabilidades e esperteza. Além disso, a obra traz uma reflexão sobre a exploração do trabalho no país.
Em 2018, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou por unanimidade o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial e o tombamento do Acervo Arthur Bispo do Rosário como patrimônio material. A literatura de cordel é uma ótima forma de incentivar a leitura por trazer temáticas cotidianas e com fortes elementos da cultura nacional, de maneira dinâmica e rítmica. As obras citadas são alguns exemplos desse gênero que trazem essas características.
A literatura de cordel é essencial na composição do acervo de uma biblioteca escolar. Assim como essa, outras várias escolhas farão você ter um acervo bem estruturado.
As obras literárias são essenciais na formação de uma criança. Elas colaboram para o aprimoramento do vocabulário, estimulam a criatividade, apresentam novos universos e contribuem para a imaginação. Além disso, auxiliam na educação, propondo diversas reflexões por meio das histórias. Sabendo da sua contribuição no desenvolvimento de um indivíduo, é essencial que as escolas incentivem a leitura de livros para crianças em sala de aula.
Há inúmeras opções a serem trabalhadas, mas é importante que os educadores considerem:
Além disso, é preciso pensar nos objetivos que pretendem alcançar ao adotar determinado livro. O que será proposto a partir daquela leitura? Quais serão as atividades realizadas? O ideal é que esses livros toquem os pequenos leitores, despertando brilho nos olhos, suspense, surpresa, alegria e reflexão. A partir desses estímulos, a literatura infantil contribui para o crescimento de um indivíduo mais completo e com mais experiências.
Para ajudar na escolha de obras para trabalhar com crianças em sala de aula, elencamos seis títulos super indicados para os pequenos leitores.
Um clássico da literatura, as fábulas de Esopo são ótimos gatilhos para desenvolver um diálogo que envolva a rotina. Elas propõem lições importantes para uma criança, como:
Esse tipo de reflexão é fundamental para contribuir positivamente para o crescimento das crianças. De forma lúdica, contam histórias que podem ser muito bem analisadas no dia a dia de todos.
Ninguém consegue imaginar como uma criança reagirá à chegada de um irmãozinho, não é? É muito difícil definir como se sentirá ao ter de dividir a atenção, os brinquedos, a casa e os pais. Essa é a história de Dudu em "A Barriga Transparente". Ele estava todo feliz por ter tirado dez na prova de Matemática bem no dia do seu aniversário, mas a tensão acontece quando não se sabe como ele reagirá ao descobrir que sua mãe está esperando um bebê.
Um dos pontos mais interessantes nesse livro é a possibilidade de se trabalhar o altruísmo, o senso de comunidade, o poder de compartilhamento e outras características importantes para os indivíduos.
Se você fechar os olhos, consegue saber o que tem no caminho da sua casa até o trabalho? Juca sabia ir à escola de olhos fechados de tão acostumado que estava. Para ele, era tudo sem graça, não havia nenhum atrativo que o encantasse ou proporcionasse um momento de descontração. Foi então que ele tomou uma decisão: construiria um muro no meio do caminho. De início, ninguém entendeu muito bem a sua ideia, mas Juca explicou e todos concordaram. Essa é uma história bacana para demonstrar como o senso de coletividade pode construir coisas incríveis. Basta alguém pensar diferente e tomar uma iniciativa.
O que você faria se ganhasse um laço de fita de presente? Marina usou a cabeça para se sentir ainda mais bonita de diversas formas. Com a criatividade ativa, ela deixou a imaginação fluir e foi apostando em todas as possibilidades que surgiam em sua mente.
"Usando a Cabeça" é uma ótima opção entre os livros para crianças que mostram como o simples pode reservar um universo inteiro de possibilidades.
Com um toque de humor e com uma linguagem poética, esse livro reúne cinco narrativas provindas do folclore brasileiro. É uma ótima oportunidade para compreender a literatura nacional e desenvolver um senso de pertencimento.
A literatura infantil é uma porta de entrada para encantar, distrair e desenvolver. Além das obras citadas acima, há muitas outras que apresentam às crianças novos amigos e novos mundos, levando-as a viajar por meio da imaginação e contribuindo para o seu crescimento.
Uma coisa é o escritor, outra coisa é o livro. Embora muitas vezes a crítica e o leitor comum confundam os dois, nunca é demais ressaltar que o autor e a obra são autônomos e que devem ser julgados pelas suas qualidades intrínsecas. Portanto, não se deve exigir coerência do escritor, mas analisar sua obra no contexto da narrativa e do momento em que foi criada.
Isso significa que o autor pode ser um reacionário confesso e construir uma obra inovadora, quando não, revolucionária. Por outro lado, pode ter um discurso engajado, pretensamente revolucionário e, contraditoriamente, escrever algo profundamente conservador.
Afinal, onde estão os adeptos do Realismo Socialista imposto pelo regime soviético? Que contribuição eles prestaram aos cânones literários de uma Rússia que, antes deles, revelou gênios como Gogol, Tolstói e Dostoievski? Uma vez no poder, todo revolucionário se torna conservador e a maior prova disso foi o estalinismo.
A história está repleta de exemplos que comprovam a tese. É o caso do poeta norte-americano Ezra Pound e do romancista francês Louis-Ferdinand Celine. Ambos tinham convicções nazistas e, apesar disso, escreveram obras literárias à frente do seu tempo. O argentino Jorge Luís Borges, por sua vez, foi simpático à ditadura militar em seu país e, no entanto, tornou-se um dos maiores escritores de todos os tempos.
No Brasil, ninguém foi tão rotulado pela esquerda e pela direita quanto o dramaturgo Nelson Rodrigues. Acusado de reacionário e amigo dos militares, ele escreveu belas crônicas e criou uma obra teatral inovadora, incomodando não apenas os ditos progressistas, mas também os conservadores de plantão.
Enquanto isso, o romancista baiano Jorge Amado foi um comunista de carteirinha, chegou a ser influenciado pelo Realismo Socialista, tornando-se um autor popular de livros importantes, mas que nada acrescentam à literatura universal. Ao contrário dele, o nada discursivo Guimarães Rosa construiu mineiramente uma das obras mais surpreendentes do século XX.
Na era das celebridades, um livro se torna best-seller muito mais em função do autor do que do conteúdo literário. Exceção para Ernest Hemingway. Embora tenha investido como poucos no marketing pessoal, ele escreveu contos e romances que mudaram os rumos da literatura. Atualmente, no entanto, se um escritor for politicamente correto, já terá, de cara, boa chance de fazer sucesso.
Por outro lado, se Chico Buarque assinasse José da Silva, provavelmente seus livros passariam em branco sobre a mesa da crítica. Não fosse ele um dos compositores mais geniais do país, talvez nem tivesse sido indicado ao Prêmio Camões. O mesmo pode ser dito sobre Bob Dylan, a propósito do Nobel por ele conquistado. Em ambos os casos, a fama pesou a favor.
No livro A literatura em perigo, o historiador búlgaro Tzvetan Todorov dirige sua crítica aos professores universitários, que preferem ensinar métodos literários em vez de obras literárias. Segundo ele, “na escola não aprendemos o que falam as obras e sim o que falam os críticos”. Essa análise inspirou um interessante texto de Luiz Rebinski Júnior publicado no site Digestivo Cultural, evocando o inglês George Orwell – que já no seu tempo criticava o estruturalismo.
Podemos constatar a maneira como muitas escolas trabalham os livros. A começar pela preparação para o ENEM, que obriga jovens literariamente imaturos a lerem calhamaços que fogem à sua compreensão para depois sabatiná-los com questões subjetivas. Eu mesmo já vivi a experiência de errar duas questões, de um total de três, sobre um texto de minha própria autoria incluído no vestibular da UFMG.
O resultado catastrófico da maneira como o sistema de ensino costuma lidar com a literatura pode ser medido por meio do tráfico de resumos, PDFs e cópias xerografadas dos livros adotados. O que se percebe é que a maioria dos estudantes está mais interessada em passar de ano ou em adentrar a universidade do que propriamente em saborear a leitura indicada.
É uma pena que isso ocorra, pois somente por meio da leitura de boas obras é que nos tornamos intelectualmente bem formados. Mesmo que a música, o cinema, o teatro e outras artes contribuam para o engrandecimento do espírito humano, somente por meio dos bons livros é possível alicerçar conhecimentos.
Em outras palavras, podemos afirmar que fora do livro não há civilização que se sustente nem indivíduo que se compreenda. Infelizmente, graças às ideologias, à mídia, às redes sociais e instituições de ensino, ainda confundimos autores e obras, livros e métodos críticos, leitura e análise de textos.
A obra literária é quase sempre subjetiva, permite as mais variadas análises e só se completa depois de ser digerida pelo leitor. Este, por sua vez, descobrirá uma outra obra – e ainda outra – em futuras releituras. Esse é um dos fatores que fazem da literatura a mais admirável das artes.
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