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A Literatura desempenha um papel crucial no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Ao contrário do que muitos pensam, ela não se restringe apenas à leitura de livros em disciplinas específicas, como Língua Portuguesa. A presença de estudos literários pode – e deve – ser contemplada nas mais diversas áreas do conhecimento, proporcionando uma formação mais ampla e enriquecedora para os estudantes.
Preparamos este artigo com o intuito de apresentar a relevância da literatura no contexto de sala de aula, mostrando também como a educação literária é contemplada pela BNCC. Confira!
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento norteador que define os aprendizados fundamentais durante toda a trajetória do aluno, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. É, portanto, uma ferramenta que tem como intuito orientar e guiar a elaboração e a atualização dos currículos escolares, utilizada como uma referência dos objetivos de aprendizagem de cada etapa da formação dos estudantes.
A finalidade do documento é estabelecer uma educação igualitária que abranja todo o território nacional, levando em consideração a qualidade do ensino e a formação do cidadão brasileiro. Em relação à estruturação da BNCC para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, há uma divisão dos conhecimentos em cinco campos de experiências.
Além disso, ela possui um caráter normativo e estabelece objetivos de aprendizagem que são definidos por meio de competências e habilidades essenciais. Apesar da Literatura não estar determinada como um componente específico na Base, ela é contemplada, principalmente, na terceira das dez competências gerais da Educação Básica:
“Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.”
Essa competência está relacionada com o papel da escola enquanto local propício para as manifestações artísticas. Dentro da instituição de ensino, os estudantes podem ter contato com obras literárias de diversas regiões do país e ainda de outras culturas, países e épocas, o que tem muito a contribuir e enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.
A BNCC traz a literatura em um contexto representativo do seu papel na vida das pessoas, apresentando as práticas literárias para além do âmbito escolar. Em vista que o documento visa a aproximar a educação às temáticas atuais de grande relevância, o ensino da Literatura é relacionado com as práticas digitais em várias habilidades.
Por meio dessa relação que é estabelecida entre as obras e a realidade virtual, os estudantes ficam aptos a compartilhar suas críticas e impressões com os demais leitores. Em relação ao universo digital atrelado ao ensino literário, a Base apresenta possíveis ações que podem ser realizadas após a leitura de uma obra:
“Depois de ler um livro de literatura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs, vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos tornar um booktuber, dentre outras muitas possibilidades.”
Vale ressaltar ainda que a Base Nacional Comum Curricular não limita a prática e o desenvolvimento da leitura na escola apenas aos textos unicamente literários. Outras produções baseadas em obras literárias podem ser bastante aplicáveis no contexto escolar, como filmes, animações, HQs e paródias.
A literatura envolve a formação dos leitores-fruidores. No documento nacional, esse termo é definido como:
“Para que a função utilitária da literatura – e da arte em geral – possa dar lugar à sua dimensão humanizadora, transformadora e mobilizadora, é preciso supor – e, portanto, garantir a formação de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de leitura.” (Base Nacional Comum Curricular – Linguagens - Língua Portuguesa Ensino Fundamental, página 138)
Ou seja, o fruidor é aquele com a capacidade de analisar e interpretar as diversas manifestações culturais. Essa edificação contempla um dos principais objetivos da BNCC no ensino da ciência literária e da arte. Confira a seguir de qual maneira a formação dos leitores literários é direcionada em cada um dos segmentos:
Na Educação Infantil, a Base estabelece cinco campos de experiências, considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de cada ano. São eles:
- O eu, o outro e o nós;
- Corpo, gestos e movimentos;
- Traços, sons, cores e formas;
- Escuta, fala, pensamento e imaginação;
- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
Dentre os cinco, a prática literária se mostra mais presente no campo de experiência da Escuta, fala, pensamento e imaginação. O ensino da Literatura para as crianças de até 6 anos de idade é trabalhado por meio da Literatura Infantil (contos, fábulas, poemas, cordéis e histórias) que visa a desenvolver a prática e o relacionamento com a leitura nos alunos. Além disso, tem como objetivo estimular a imaginação dos alunos e ampliar o seu conhecimento acerca do mundo.
No Ensino Fundamental, existem seis competências específicas de Linguagens e a quinta competência está relacionada mais fortemente com a temática. Define-se, por meio dela, que durante essa etapa escolar deve existir um desenvolvimento mais aprofundado acerca da formação do leitor-fruidor, sobretudo dentro do componente curricular Língua Portuguesa.
“Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.”
A Base Nacional Comum Curricular espera que o aluno, ao aderir à prática da leitura, desenvolva um interesse tanto pelas obras quanto pelo envolvimento proporcionado pela leitura, assim como aceite os textos desconhecidos, clássicos e desafiadores. Além disso, ela evidencia a progressão da leitura, de modo que o docente deve procurar ampliar o repertório do estudante por meio do estudo de textos literários.
No Ensino Médio, a busca pela formação de leitores é realizada de forma mais complexa. Para tal, faz-se necessário aproximar os textos literários de teorias mais aprofundadas, ao analisar e compreender o contexto histórico, social e ideológico de obras de diversos tempos e origens. A segunda competência específica de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio se refere a esse desenvolvimento:
“Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.”
Há ainda a competência de número seis, que marca a importância da arte no exercício da cidadania, fazendo com que o aluno seja apto a:
“Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.”
A importância da Literatura em sala de aula
A literatura é a arte da palavra. Além disso, tanto a literatura quanto a língua utilizada por ela são instrumentos de interação social e de comunicação, executando a função de transmitir a cultura, conhecimentos e ensinamentos de determinada comunidade.
O autor, por meio das obras literárias, transmite suas ideias em relação ao seu ponto de vista do mundo, levando o leitor a refletir sobre si e sobre o outro. Com isso, ela assume um importante papel no processo de transformação social e, também, como uma crítica à realidade de uma maneira político-ideológica ao confrontar o senso comum.
Por meio dela, os alunos são capazes de desenvolver um olhar diferente acerca do mundo. Os leitores desenvolvem o pensamento crítico e a capacidade de relacionar diversas áreas do conhecimento na compreensão de seus problemas, desafios e na proposição de soluções.
A leitura, além de ser prazerosa, contribui bastante para o enriquecimento intelectual e cultural do leitor. Ademais, é um instrumento essencial para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos, ao possibilitar uma formação de crianças mais empáticas, que lidam melhor com os desafios e que respeitam a diversidade.
Contudo, existe uma grande importância em relação à literatura além do estudo do livro em si, explorando a obra como um ponto inicial para estudar as várias áreas do conhecimento. Os livros literários podem ser utilizados como uma base para os projetos pedagógicos, ao, por exemplo, incentivar que os alunos leiam uma obra tendo como ponto de partida uma disciplina. Desse modo, os estudantes podem compreender o contexto histórico e geográfico dos títulos, além de relacioná-los com conceitos e referências das outras disciplinas.
Na sala de aula, o docente, ao indicar obras literárias e autores, abre espaço para a discussão e para comentários mais profundos acerca dos livros. Dessa forma, o professor consegue transmitir o valor e a importância que a leitura possui para a formação e desenvolvimento das pessoas.
Em suma, a literatura é um elemento essencial no processo de ensino-aprendizagem, desempenhando um papel vital na formação integral dos alunos. Através da leitura, os estudantes não apenas adquirem conhecimento, mas também desenvolvem habilidades críticas, criativas e reflexivas que são fundamentais para sua formação como cidadãos conscientes e participativos.
A BNCC reconhece essa importância e integra a literatura de forma transversal em diversas áreas do conhecimento, promovendo uma educação mais rica e completa. Portanto, é imprescindível que as escolas incentivem e valorizem a prática literária, contribuindo para a formação de leitores críticos e engajados com a realidade ao seu redor.
A literatura de cordel é um dos gêneros literários mais tradicionais do país. Apesar de ser muito comum no Brasil, ela não se originou aqui. Descendente de produções literárias europeias, encontrou solo fértil para se desenvolver por aqui, sobretudo no Nordeste no século XIX.
A seguir, veremos como ele surgiu e quais são suas principais características. Além disso, você poderá conhecer algumas obras do cordel. Confira!
O cordel nasceu em Portugal, no século XVI, durante o Renascimento. Esse foi o momento no qual esse formato de impressão começou a se popularizar. Até então, as histórias, poesias e contos eram repassadas apenas por meio da oralidade. Dessa forma, os autores de cordéis expunham suas criações em bancas, feiras e mercados. Esse hábito deu nome ao movimento literário, visto que para sua comercialização, as obras eram penduradas em cordões (cordéis).
Esse é um formato literário muito tradicional e, ainda que muito antigo, mantém muitas de suas características desde o seu surgimento. Abaixo listamos alguns dos aspectos mais fortes e peculiares da literatura de cordel.
A literatura de cordel é excelente no processo de ensino de leitura e interpretação de texto. O ritmo e a forma de escrita desse gênero aproximam o aluno dessa produção. Visto que boa parte dos cordéis tocam em temas sociais relevantes, também é uma boa forma de trabalhar a interdisciplinaridade e as habilidades socioemocionais.
Aqui está uma lista com exemplos da literatura de cordel que você deve conhecer:
Ótima opção para incentivar as crianças a ler, esse livro tem como tema o mundo do circo. Os macacos, os leões e os elefantes obedecem ao estalar do chicote do valente domador no primeiro sinal de sua presença. Nesse contexto, o livro traz uma reflexão, questionando se esse é de fato um sinal de valentia ou não.
Essa obra consiste em uma coleção de grandes momentos desse gênero da literatura nacional. A partir da junção de cordéis de três grandes escritores do gênero, o livro é uma opção de leitura atual e pertinente.
Este é um ótimo livro para ser trabalhado em sala de aula para abordar conteúdos culturais. A história traz a aventura do narrador-personagem, que sai em busca da sua rabeca Veridiana que sumiu e sem ela não há criação. Para encontrá-la, ele precisará ir ao “Reino do Vai Não Vem”, um lugar cheio de encantos, poesia popular e personagens marcantes. Trata-se de uma imersão ao mundo do cordel.
Uma das características mais fortes da literatura de cordel pode ser percebida na capa deste livro. Apresentado com uma xilogravura, essa obra transita entre o formal, o informal e o regional. Com um tema cotidiano, abre discussões sobre trabalho, dever, responsabilidades e esperteza. Além disso, a obra traz uma reflexão sobre a exploração do trabalho no país.
Em 2018, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou por unanimidade o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial e o tombamento do Acervo Arthur Bispo do Rosário como patrimônio material. A literatura de cordel é uma ótima forma de incentivar a leitura por trazer temáticas cotidianas e com fortes elementos da cultura nacional, de maneira dinâmica e rítmica. As obras citadas são alguns exemplos desse gênero que trazem essas características.
A literatura de cordel é essencial na composição do acervo de uma biblioteca escolar. Assim como essa, outras várias escolhas farão você ter um acervo bem estruturado.
As obras literárias são essenciais na formação de uma criança. Elas colaboram para o aprimoramento do vocabulário, estimulam a criatividade, apresentam novos universos e contribuem para a imaginação. Além disso, auxiliam na educação, propondo diversas reflexões por meio das histórias. Sabendo da sua contribuição no desenvolvimento de um indivíduo, é essencial que as escolas incentivem a leitura de livros para crianças em sala de aula.
Há inúmeras opções a serem trabalhadas, mas é importante que os educadores considerem:
Além disso, é preciso pensar nos objetivos que pretendem alcançar ao adotar determinado livro. O que será proposto a partir daquela leitura? Quais serão as atividades realizadas? O ideal é que esses livros toquem os pequenos leitores, despertando brilho nos olhos, suspense, surpresa, alegria e reflexão. A partir desses estímulos, a literatura infantil contribui para o crescimento de um indivíduo mais completo e com mais experiências.
Para ajudar na escolha de obras para trabalhar com crianças em sala de aula, elencamos seis títulos super indicados para os pequenos leitores.
Um clássico da literatura, as fábulas de Esopo são ótimos gatilhos para desenvolver um diálogo que envolva a rotina. Elas propõem lições importantes para uma criança, como:
Esse tipo de reflexão é fundamental para contribuir positivamente para o crescimento das crianças. De forma lúdica, contam histórias que podem ser muito bem analisadas no dia a dia de todos.
Ninguém consegue imaginar como uma criança reagirá à chegada de um irmãozinho, não é? É muito difícil definir como se sentirá ao ter de dividir a atenção, os brinquedos, a casa e os pais. Essa é a história de Dudu em "A Barriga Transparente". Ele estava todo feliz por ter tirado dez na prova de Matemática bem no dia do seu aniversário, mas a tensão acontece quando não se sabe como ele reagirá ao descobrir que sua mãe está esperando um bebê.
Um dos pontos mais interessantes nesse livro é a possibilidade de se trabalhar o altruísmo, o senso de comunidade, o poder de compartilhamento e outras características importantes para os indivíduos.
Se você fechar os olhos, consegue saber o que tem no caminho da sua casa até o trabalho? Juca sabia ir à escola de olhos fechados de tão acostumado que estava. Para ele, era tudo sem graça, não havia nenhum atrativo que o encantasse ou proporcionasse um momento de descontração. Foi então que ele tomou uma decisão: construiria um muro no meio do caminho. De início, ninguém entendeu muito bem a sua ideia, mas Juca explicou e todos concordaram. Essa é uma história bacana para demonstrar como o senso de coletividade pode construir coisas incríveis. Basta alguém pensar diferente e tomar uma iniciativa.
O que você faria se ganhasse um laço de fita de presente? Marina usou a cabeça para se sentir ainda mais bonita de diversas formas. Com a criatividade ativa, ela deixou a imaginação fluir e foi apostando em todas as possibilidades que surgiam em sua mente.
"Usando a Cabeça" é uma ótima opção entre os livros para crianças que mostram como o simples pode reservar um universo inteiro de possibilidades.
Com um toque de humor e com uma linguagem poética, esse livro reúne cinco narrativas provindas do folclore brasileiro. É uma ótima oportunidade para compreender a literatura nacional e desenvolver um senso de pertencimento.
A literatura infantil é uma porta de entrada para encantar, distrair e desenvolver. Além das obras citadas acima, há muitas outras que apresentam às crianças novos amigos e novos mundos, levando-as a viajar por meio da imaginação e contribuindo para o seu crescimento.
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