A literatura de cordel é um dos gêneros literários mais tradicionais do país. Apesar de ser muito comum no Brasil, ela não se originou aqui. Descendente de produções literárias europeias, encontrou solo fértil para se desenvolver por aqui, sobretudo no Nordeste no século XIX.

A seguir, veremos como ele surgiu e quais são suas principais características. Além disso, você poderá conhecer algumas obras do cordel. Confira!

Como nasceu a literatura de Cordel?

O cordel nasceu em Portugal, no século XVI, durante o Renascimento. Esse foi o momento no qual esse formato de impressão começou a se popularizar. Até então, as histórias, poesias e contos eram repassadas apenas por meio da oralidade. Dessa forma, os autores de cordéis expunham suas criações em bancas, feiras e mercados. Esse hábito deu nome ao movimento literário, visto que para sua comercialização, as obras eram penduradas em cordões (cordéis).

Principais características

Esse é um formato literário muito tradicional e, ainda que muito antigo, mantém muitas de suas características desde o seu surgimento. Abaixo listamos alguns dos aspectos mais fortes e peculiares da literatura de cordel.

  • Oralidade: Como já mencionado, a literatura de cordel remete ao início da comercialização de folhetos impressos. Como essa tradição surgiu em uma época em que os relatos orais eram muito fortes, ela carrega essa característica em sua narrativa até os dias de hoje.
  • Ilustrações em xilogravuras: A xilogravura consiste na confecção de imagens e ilustrações utilizando madeira e papel. O estilo de ilustração utilizado na Europa no século XV com intuito de caracterizar baralhos e imagens sagradas, a xilogravura é uma das peculiaridades mais marcantes da literatura de cordel. Nesse método, o que se deseja colocar no papel é entalhado na madeira, que é então molhada em alguma tinta e pressionada contra o papel. As áreas em relevo vão dar a forma da ilustração.
  • Temática: A literatura de cordel tende a abordar lendas, religiosidades e fatos históricos, mas suas temáticas são as mais diversas. Desde acontecimentos do cotidiano e a vida do povo sertanejo, até grandes romances e acontecimentos da história do Brasil. Existem cordéis, por exemplo, que versam sobre a história de Lampião e outros sobre a morte de Getúlio Vargas.
  • Poética: Os textos da literatura de cordel são escritos de acordo com uma estrutura ritmada e pré-estabelecida. Essa é uma parte muito importante da confecção do cordel, pois é quem ditará o ritmo e a métrica na hora de recitar. Existem muitas classificações de acordo com o número de sílabas, versos e rimas. Algumas classificações quanto ao número de versos e sílabas são:
  • Quadra ou redondilha maior: Estrofe de quatro versos e sete sílabas.
  • Sextilha: Estrofe de seis versos.
  • Setilha: Estrofe de sete versos e sete sílabas.
  • Oitava ou oito pés de quadrão: Estrofe de oito versos e sete sílabas.
  • Décima: Estrofe de dez versos com sete sílabas.

Exemplos de obras da literatura de cordel

A literatura de cordel é excelente no processo de ensino de leitura e interpretação de texto. O ritmo e a forma de escrita desse gênero aproximam o aluno dessa produção. Visto que boa parte dos cordéis tocam em temas sociais relevantes, também é uma boa forma de trabalhar a interdisciplinaridade e as habilidades socioemocionais.

Aqui está uma lista com exemplos da literatura de cordel que você deve conhecer:

  • O poeta da roça - Patativa do Assaré
  • Ai se sesse - Zé da Luz
  • A Peleja do cego Aderaldo com Zé Pretinho dos Tucuns - Firmino Teixeira do Amaral
  • O Romance do Pavão Misterioso - José Camelo de Melo Resende

Mais Informações sobre alguns livros de cordel

Ótima opção para incentivar as crianças a ler, esse livro tem como tema o mundo do circo. Os macacos, os leões e os elefantes obedecem ao estalar do chicote do valente domador no primeiro sinal de sua presença. Nesse contexto, o livro traz uma reflexão, questionando se esse é de fato um sinal de valentia ou não.

Essa obra consiste em uma coleção de grandes momentos desse gênero da literatura nacional. A partir da junção de cordéis de três grandes escritores do gênero, o livro é uma opção de leitura atual e pertinente.

Este é um ótimo livro para ser trabalhado em sala de aula para abordar conteúdos culturais. A história traz a aventura do narrador-personagem, que sai em busca da sua rabeca Veridiana que sumiu e sem ela não há criação. Para encontrá-la, ele precisará ir ao “Reino do Vai Não Vem”, um lugar cheio de encantos, poesia popular e personagens marcantes. Trata-se de uma imersão ao mundo do cordel.

Uma das características mais fortes da literatura de cordel pode ser percebida na capa deste livro. Apresentado com uma xilogravura, essa obra transita entre o formal, o informal e o regional. Com um tema cotidiano, abre discussões sobre trabalho, dever, responsabilidades e esperteza. Além disso, a obra traz uma reflexão sobre a exploração do trabalho no país.

Como a literatura de cordel pode incentivar a leitura

Em 2018, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou por unanimidade o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial e o tombamento do Acervo Arthur Bispo do Rosário como patrimônio material. A literatura de cordel é uma ótima forma de incentivar a leitura por trazer temáticas cotidianas e com fortes elementos da cultura nacional, de maneira dinâmica e rítmica. As obras citadas são alguns exemplos desse gênero que trazem essas características.

A literatura de cordel é essencial na composição do acervo de uma biblioteca escolar. Assim como essa, outras várias escolhas farão você ter um acervo bem estruturado.